domingo, 7 de janeiro de 2007

Cadê minha infância?

Das muitas crenças que regem as celebrações de ano novo uma em especial sempre me chamou a atenção. Diz a lenda que, o que fazemos no primeiro dia do ano, fazemos o ano todo. Nunca acreditei muito nesta sabedoria popular, pois todos os anos meu 1º de Janeiro é marcado pelo sossego de uma soneca depois do almoço e pela monotonia dos telejornais que noticiam a falta de assunto desta época do ano, como o nascimento do primeiro bebê na cidade, no estado, no país, no continente e finalmente, no mundo, os fogos de artifício em Time Square, Copacabana, Torre Eifel, Big-Bang e até mesmo no Banhado, a chegada do ano novo na Ilha de Java e no Sri-Lanka, as entrevistas do ganhadores da São Silvestre (as perguntas são sempre as mesmas "O que você sentiu ao cruzar a linha de chegada?", por outro lado, as respostas também são sempre as mesmas "Muita emoção.", acompanhada de um sorriso amarelo de quem não agüenta mais esta pergunta), as previsões astrológicas para os famosos, que vão desde a cadelinha da Ana Maria Braga ao Sadam Hussein (isso mesmo, fizeram previsões para 2007 a este carismático ditador de bigodes sedutores, que morreu no antepenúltimo dia de 2006), enfim, notícias que não cheiram nem fedem. Com todo esse marasmo, meus últimos anos sempre foram corridos. Contradizendo a tak crença.
Porém, neste ano as coisas seriam diferentes. Resolvi acreditar! E vivi o 1º de Janeiro como uma criança, desejando que ao longo de 2007, eu resgatasse os sentimentos e sensações que apenas esses seres inocentes conhecem, e que infelizemnte vão embora com a chegada da puberdade. Subi em árvores, colhi frutas, joguei futebol com minha cadela (a bola propositalmente furada, para lembrar a precariedade daqueles tempos), andei de bicicleta, brinquei na chuva e quase comprei uma caixa de chicletes para iniciar uma coleção de figurinhas. Não consegui achar meu pião e minhas bolinhas de gude, mas simbolicamente já tinha valido a pena. Contudo, ao deparar com meu corpo peludo, a barba para fazer, minhas preocupações desnecessárias e minhas obrigações, percebi que não era mais criança. Havia perdido nobreza da infância. Aliás, esta foi apenas uma das perdas de 2006. Perdi a hora para o trabalho, perdi a conta de quantas vezes me peguei pensando na vida, perdi o número do telefone de tanta gente, perdi tempo fuçando no orkut alheio, perdi cabelos com tolices, de certa forma, perdi a identidade ao mudar de emprego, perdi alguns parafusos do computador e da cabeça, perdi as chaves de casa e por várias vezes perdi a chance de ficar quieto.
Entretanto, a principal perda, foi de uma amiga. Numa fatídica semana de Junho, roubaram 'la poderoza'. Minha bicicleta de aro azul, guidão prata e selim imaculado. Minha 'banbina'. Pois, se os amigos estavam ocupados, ela me fazia companhia nas tardes de domingo. Vimos o pôr-do-sol no Banhado juntos, viajamos juntos, caímos juntos. Tudo bem, que o banco era desconfortável, a mudança de marchas demorava e os freios eram difíceis de se ajustar, mas a química que rolava compensava esses transtornos. Por isso digo, que esta 'magrela' (assim a chamava nos momentos de maior afeto) será insubstituível. Sua sucessora, a 'laranja mecânica' pode ser mais leve, com design mais arrojado, mais veloz, porém não terá o carisma da minha 'banbina'.

Em 2007, quero perder a vergonha.

segunda-feira, 1 de janeiro de 2007

Retrospectiva 2006


A maioria dos amigos foram passar o reveilon no litoral, e fiquei aqui, numa cidade inóspita e chuvosa com o tédio fazendo compania. E como não tinha nada de útil para fazer, resolvi rascunhar uma breve retrospectiva de 2006. Afinal, para isso que foi feita a tradicional cerimônia da virada: Pensar e repensar sobre o ano que passou, pesar numa balança imaginária os pontos positivos e negativos de mais um ano. E, quem sabe, fazer planos para o ano novo. Planos estes, que durarão no máximo até a quarta-feira de cinzas.
Cabeça Dura do Ano: Zidane;
Dançarina do Ano: Angela Guadagnin e o espetáculo 'A dança da pizza';
Homem mais vaidoso do Ano: Roberto Carlos, lateral-esquerdo da seleção brasileira. Seu time pode até ser eliminado da Copa do Mundo, porém as meias dele devem estar perfeitamente ajeitadas;
Slogan do Ano: 'Deixa o homem trabalhar' - Campanha do Lula;
Apatia do Ano: Geraldo Alckmin - Mesmo com os líderes do governo envolvidos em tantos escândalos não conseguiu eleger-se, e pior, levou uma 'goelada' no segundo turno;
Frase do Ano: "Não estou gordo" - Ronaldo, atacante do Seleção Brasileira, dias antes do início da Copa do Mundo, quando pesava 94kg;
Filme do Ano: 'A praia' - Estrelando: Daniella Cicarelli;
Seriado do Ano: Hugo CHAVES - Retrata a descontraída rotina de um presidente populista da América Latina. Evo Morales, como a cabeça fraca 'Chiquinha', e Lula, como o inocente 'Nhonho' são os coadjuvantes de destaque desta epopéia que envolve gasodutos e barris de petróleo;
Prêmio "Viajou na Maionese": Ao astronauta brasileiro Marcos Pontes, que foi ao espaço para plantar ferjão e aparecer ao vivo no Jornal Nacional;
Momento Bizarro: Roberto Carlos cantando funk com Mc Leozinho no especial de fim de ano;
Prêmio 'Yellow Submarine': Onibus da empresa Viação Real, de São José dos Campos, fica atolado em cratera na Avenida Joge Zarur;
'Bitoquinha' do Ano: Entre Bono Vox e Katiusha, durante o show do U2 no Morumbi;
Piada Sem-Graça do Ano: Morte de Bussunda;
Piada mais engraçada do Ano: 'A saúde púbica está perfeita companheiro' - Lula durante o último debate político do segundo turno;
Injustiça do Ano: Plutão não é mais um planeta!
Enquanto isso, no além:
Braguinha e James Brown misturam funk soul e marchinhas de carnaval;
Pinochet e Sadam discutem, como crainças mimadas, para saber quem foi o melhor (ou pior, depende do ponto de vista) ditador dos últimos tempos, e;
Telê Santana treina a seleção dos céus, e já avisou, SÃO PAULO será o capitão do time, desagradando os CORINTÍOS e outros SANTOS. (Desculpem, mas tive que 'puxar sardinha' para o meu lado! risos).
e em 2007...
No cinema: Estréia da versão brasileira para o filme 'Priscila, a rainha do deserto', aqui entitulado como 'Clodovil, a rainha do planalto central';
Na política: O retorno do mestre Paulo Maluf. Agora o crime será, literalmente, organizado;
No esporte: O Pan do Rio. Se não tiver tiroteio já será um grande começo.
E por fim,
Na filosofia de botequim: O ano termina em '007', com licença para matar. Salve-se quem puder.