terça-feira, 23 de setembro de 2008

Respire, Inspire!


Ufa! De volta às minhas crônicas!

Estranho pensar que nos últimos dois anos escrevi tão pouco: Duas mensagens de aniversário e um discurso de formatura. Inspiração é bicho esquisito, confuso. Mais do que mulher, e não menos do que a cabeça do anão, o técnico da seleção brasileira.Mudando de assunto (ou não), depois de quase um mês indo e voltando do hospital há muitas histórias (e estórias) para contar. Não que eu queira ser exibido, contudo, o caro leitor não teria "estomago" para lê-las. Ou, para minha surpresa, sim, vocês conseguiriam lê-las (os fãs dos contos de terror até se esbaldariam), mas este não é o intuito deste blog. Pretende-se aqui escrever coisas engraçadas (isso mesmo "coisas", afinal, não sei definir meus rascunhos), ou que pelo menos "tirem o sarro" do cotidiano. Por outro lado, é possível, com uma lente crítica, enxergar "coisas" engraçadas numa estadia de hospital. Por exemplo, usar camisola, fazer fisioterapia nos corredores temendo ser internado como louco no Xuí, ser um dos poucos pacientes da enfermaria que podiam andar e, por isso ter a obrigação moral de distribuir o "papagaio" (mijômetro) aos outros pacientes, assistir TV ao lado das pessoas que aguardavam o exame de raios-X e causar certa estranheza pela camisola folgada e pelas agulhas fincadas no braço, ser acordado de madrugada pela enfermeira para tomar remédio e, e de forma paranóica, pensar que o hospital está pegando fogo, ouvir, num domingo pela manhã, o paciente do quarto ao lado gritar: "Cadê o carvão pra gente começar um churrasco?", entre outras "coisas" engraçadas. Bem, nem tão engraçadas assim, não?
Também há certo lirismo num hospital. Escutar as histórias do mais velhos sobre um tempo que se foi, dar valor à sua condição "saudável" se comparada a outros pacientes com problemas de maior gravidade, assustar-se com a força de vontade após cada sessão de fisioterapia, pensar e repensar na vida, diante de um jardim onde sanhaços beliscam mamões nas árvores, e finalmente, descobrir que respirar é um ato que vai além da simples sobrevivência.

Respire, inspire. Respire, inspire. Vou escrever uma carta para Papai Noel pedindo um pulmão novo!

PS: É primavera! Talvez seja o momento de refazer meu jardim. Arrancar as velhas rosas e ervas daninhas, trocar e adubar a terra e, enfim, plantar outras flores. Quem sabe, um dia, ele seja descoberto...